O conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar,
trazer) origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da
África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Em Akan “se wo were fi na
wosan kofa a yenki” que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e
buscar o que esqueceu”. Como um símbolo Adinkra,
Sankofa pode ser representado como
um pássaro mítico que voa para frente, tendo a cabeça voltada para trás e
carregando no seu bico um ovo, o futuro. Também se apresenta como um desenho similar ao coração ocidental.
Os Ashantes de Gana usam os símbolos Adinkra para representar provérbios ou
idéias filosóficas.Sankofa ensinaria a possibilidade de voltar atrás, às nossas
raízes, para poder realizar nosso potencial para avançar.
Sankofa é, assim, uma realização do eu, individual e coletivo. O que quer que
seja que tenha sido perdido, esquecido, renunciado ou privado, pode ser
reclamado, reavivado, preservado ou perpetuado. Ele representa os conceitos de
auto-identidade e redefinição. Simboliza uma compreensão do destino individual
e da identidade coletiva do grupo cultural. É parte do conhecimento dos povos
africanos, expressando a busca de sabedoria em aprender com o passado para
entender o presente e moldar o futuro.
Deste saber africano, Sankofa molda uma visão projetiva aos povos milenares e
aqueles desterritorializados pela modernidade colonial do “Ocidente”. Admite a
necessidade de recuperar o que foi esquecido ou renegado. Traz aqui, ao
primeiro plano, a importância do estudo da
história e culturas africanas e afro-americanas, como lições alternativas de conhecimento e
vivências para a contemporaneidade. Desvela, assim, desde a experiência
africana e diaspórica, uma abertura para a heterogeneidade real do saber
humano, para que nos possamos observar o mundo de formas diferentes. Em suma,
perceber os nossos problemas de outros modos e com outros saberes. Em tempos de
homogeneização, esta é a maior riqueza que um povo pode possuir.