Joias de Mayembe

SAFU







(...)

Terra
indefiníveis goiabas, cambumbú
inconfundível
Encanto
maturação do safú no cacimbo
 (...)

O Conceito de Sankofa e a Concepção Africana de História


O conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar, trazer) origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Em Akan “se wo were fi na wosan kofa a yenki” que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. Como um símbolo Adinkra, Sankofa pode ser representado como um pássaro mítico que voa para frente, tendo a cabeça voltada para trás e carregando no seu bico um ovo, o futuro. Também se apresenta como um desenho similar ao coração ocidental. Os Ashantes de Gana usam os símbolos Adinkra para representar provérbios ou idéias filosóficas.Sankofa ensinaria a possibilidade de voltar atrás, às nossas raízes, para poder realizar nosso potencial para avançar.

Sankofa é, assim, uma realização do eu, individual e coletivo. O que quer que seja que tenha sido perdido, esquecido, renunciado ou privado, pode ser reclamado, reavivado, preservado ou perpetuado. Ele representa os conceitos de auto-identidade e redefinição. Simboliza uma compreensão do destino individual e da identidade coletiva do grupo cultural. É parte do conhecimento dos povos africanos, expressando a busca de sabedoria em aprender com o passado para entender o presente e moldar o futuro.

Deste saber africano, Sankofa molda uma visão projetiva aos povos milenares e aqueles desterritorializados pela modernidade colonial do “Ocidente”. Admite a necessidade de recuperar o que foi esquecido ou renegado. Traz aqui, ao primeiro plano, a importância do estudo da história e culturas africanas e afro-americanas, como lições alternativas de conhecimento e vivências para a contemporaneidade. Desvela, assim, desde a experiência africana e diaspórica, uma abertura para a heterogeneidade real do saber humano, para que nos possamos observar o mundo de formas diferentes. Em suma, perceber os nossos problemas de outros modos e com outros saberes. Em tempos de homogeneização, esta é a maior riqueza que um povo pode possuir.

[AQUI]

(re) Reflectindo...



[Dysfunctional Family by Yinka Shonibare]

[...]

Mas, como tambem se diz logo no inicio do documentario, "tudo comeca na familia"... De facto, nunca me esqueco desta frase (ordem?) que me foi dirigida por alguem da minha familia mais proxima: "tens que deixar os outros existir!" (... nao que eu alguma vez tivesse tido a intencao, a pretensao ou, menos ainda, a capacidade de impedir "os outros de existir"... so, what that means in practice is: "tens que deixar de existir para que eu e a(o)s outra(o)s possamos existir!"...).

E eu cresci a ouvir no seio da minha familia tanto quanto ouvi strong statements sobre "direitos adquiridos" (e, ja' agora e a titulo de curiosidade, a ser cognominada por um amigo da familia - por sinal um arquitecto portugues de quem incluo um postal aqui e que, by the way, foi quem me ofereceu o meu primeiro disco dos Pink Floyd - desde os meus 15/16 anos como "a intelectual da familia", cognome tambem usado frequentemente pela minha mae...- o que, amarga ironia, se viria a revelar uma afiada espada de dois gumes ao longo da minha vida!...) este dito, aparentemente baseado num proverbio baKongo: "a orelha nunca pode crescer mais do que a cabeca"!

Trouble is... talvez 'a excepcao destes, toda(o)s nascemos com a (e pensamos pela) nossa propria cabeca!

[Scramble for Afrika, by Yinka Shonibare]

Em suma: alguem ja' tentou reflectir um pouco mais profundamente sobre de onde veem os famosos e famigerados "complexos de inferioridade" (tambem designados por outros, "complexos de colonizado") dos negros e, muito particularmente, das negras?... Ou das causas estruturais do aparentemente "cronico sub-desenvolvimento" de Africa?!... I wonder...


[Extracto daqui]

Muanamosi Matumona (R.I.P.)



O Padre Muanamosi Matumona, deixou a terra dos vivos. Muana Damba, nasceu em 1965, para além de sacerdote, era jornalista, escritor, professor de Filosofia Africana e de Sociologia da Universidade Agostinho Neto , no Seminário Maior do Uíge e no ISCD do Uíge.

A sua morte acontece poucas semanas depois de ser nomeado Director da Emissora da Igreja Católica, a Rádio Ecclésia. Frequentou em Lisboa, no Porto e em Roma, os cursos de Teologia, Comunicação Social, Filosofia e Sociologia. Foi ordenado sacerdote em 1995.

Em 1982, com 17 anos de idade já era jornalista. Trabalhava para o Jornal Desportivo Militar, distinguiu-se nas repotagens e entrevistas que acordava aos jogadores de futebol, regressados angolanos do então Zaire, hoje R.D do Congo, como Seke Sarmento, Maluka, Vicy, etc...Trabalhou para agência noticiosa de Angola, Angop e colaborou até à sua morte para o jornal de Angola.

É da sua autoria as obras como: Ensaio de uma Epistemologia e Pedagogia da Filosofia africana, editada em 2004; Cristianismo e mutações sociais em África; Elementos para Teologia da reconstrução africana, publuadas em 2005; Contributo lusófono num mundo em mutação, 2008; Os médias ne era da globalização; A Sociologia do Jornalismo angolano, 2009.


[Obituario daqui]


Post Relacionado @ daKappo

No meu Dia Internacional da Mulher

Epifania


(À sombra de Vultures e Things Fall Apart de Chinua Achebe
'The Grandfather of African Literature')





Prólogo

Rompeu-se o véu
entre corpo e alma
- sim, o braço conseguiu
mas o corpo
esse, jaz na lama
- sim, a alma venceu
mas o olho
esse, não gostou do que viu


['Com Alma']




I.

Vergo o corpo
apedrejado
sob o sol
escaldante
estendo a mão
vacante
entre o torpor da dor
e o desespero da despedida
e logo a recolho
mordida
pelo misógino cão negro
tinhoso
complexado
psicopata
dominante
da matilha
ladrante
e esquartejada á catanada
pela assassina
pornógrafa ninfa branca
orgíaca
lésbica
ninfomaníaca
esquizofrénica
tirana
neo-nazi
reinante
da multidão
delirante

Com sua raiva selvagem
perseguindo lúgubres orgasmos
sobre o meu corpo estraçalhado
para me amputar o génio
e a identidade
me extirpar a serenidade
e o sorriso
e engolir para sempre
minha alma
pura e frágil


Mas não cometo
um suicídio
em grande estilo
pelo atrevimento
prossigo de pé
face à campanha
o calvário
da minha caravana
itinerante

Dou a outra face
estendo a outra mão
vacilante
tento soltar a voz
murmurante
mas logo emudeço
sob o grito
lancinante
de ira
de uma matriarca negra
autofágica

sorry excuses for women

(Mulheres?)

Invento o silêncio.




II.

Abro os olhos
às Mães de Maio
desalmadas
expiando gravidezes
desamadas
às Filhas da Dipanda
Anas com patentes
de Major
aprisionadas
carpindo orfandades
e viuvezes
denegadas
curtindo violações
desonradas
urdindo elocubrações
desbragadas
sobrevivendo explosões
mutiladas
engolindo agressões
abusadas
fazendo reuniões
usadas
desfazendo uniões
humilhadas
expressando visões
enxovalhadas
descrendo paixões
objectificadas
coleccionando desilusões
enciumadas
quebrando tradições
enfeitiçadas
colhendo difamações
estigmatizadas
cuspindo maldições
enlameadas
defendendo reputações
desprezadas
perdendo razões
emperucadas
evitando rejeições
desfrizadas
forjando crispações
frustradas
desaprendendo canções
desafinadas
disfarçando inaptidões
kabungadas
acumulando formações
desempregadas
truncando vocações
subestimadas
contendo pulsões
ressabiadas
cultivando solidões
desfeiteadas
sofrendo depressões
silenciadas
cumprindo obrigações
odiadas
contando tostões
desesperadas
perdendo habitações
desalojadas
suprimindo emoções
complexadas
terçando orações
excomungadas
(Fêmeas?)

Ouço o silêncio.




III.

Seco as lágrimas
estanco o sangue
parto o gesso
quebro as grilhetas
tiro a vergonha
arranco a máskara
da mátria krioula
erguida sobre bordéis
em mucekes
e kraals
cercados de aduelas
de pipas de vinho baptizado
e sacos de fuba
e peixe podre
Joana Maluka
novo-enriquecida
de barris de petróleo
encrustados
de diamantes de sangue
Rosa do Kinaxixi
exaurida
amaldiçoando filhos
bastardos
e vociferando-lhes
elogios
fúnebres
mean-spirited
pobres e insignificantes
criaturas rejeitadas
while their afrikan
assimilated
idiot men-boys oversee
in their obscene
palaces of gold
brand new flashy
sports cars and SUVs
white girls
and misguided
violent masculinity
the raping soiling and butchery
of their own
women
mothers
and daughters

E porrada nelas
se refilarem!






Conto nos dedos
da mão restante
um a um
cada século
of the half a millennium
of alien rape and murder

que as verga aos algozes
lhes despe o corpo
de alma
lhes rouba a dança
de espírito
lhes mbaka o útero
de Amor
lhes destitui o cérebro
de seiva
lhes esvazia a mente
de memória
lhes vaga a face
de riso
lhes amarga a boca
de fel
e lhes veste a ignorância
de arrogância

Renovo a vontade grande
de ter respostas
da concha de mãos
com água
aos lipele
e às bocas de pedra
dos deuses
(Revolta?)

Rompo o silêncio.




IV.

Mbuta Muntu
chega lento
num rumor de águas
no kacimbo
de sua longa ausência
de séculos
no Kulumbimbi
convoca os Nkisi
sobre a Pedra do Feitiço
desmantela a lusotropical
Comissão das Lágrimas
dispersa o Bando
lembra-lhes de
Valores e Princípios

Chama Tia Ana Velha Mulata
junta a Nkanda
mães e filhas
mães solteiras
surdas-mudas
mulheres feitas
de apenas
ao domingo
doentes
longe da cidade
enterra
the white man's knife
afiada
que as cortou àparte
inebriadas
à mingua de amizades
tristes

Limpa-lhes chagas
sara-lhes feridas
desfia-lhes terços
desfaz-lhes cruzes
arranca-lhes espinhos
tira-lhes perucas
desmancha-lhes tissagens
friza-lhes desfrizos
faz-lhes tranças
lava-lhes a boca com mel
dá-lhes banho de chuva
estende-lhes o rio
sobre corpos e almas
dá-lhes a trincar da kola
dá-lhes a comer do gengibre
dá-lhes a beber da sanga




Restitui-lhes a identidade
restaura-lhes a honra
reconstitui-lhes o plasma
ata-lhes os laços
reata-lhes o afecto
recobra-lhes o sorriso
recupera-lhes a fala
reencontra-lhes as pérolas
devolve-lhes o sonho
reaviva-lhes a auto-estima
renova-lhes a esperança
cobre-as de panos do Kongo
senta-as ao colo
à sombra
da Árvore Sagrada

Fecha-lhes os olhos
e deixa-lhes saber da zanga
of vultures and ogres
da precaridade do amor
and of the perpetuity of evil
(Epifania?)

Reinvento o silêncio.





Epílogo

This is coast country, humid and God-fearing, where female recklessness runs too deep for short shorts or thongs or cameras.

Sometimes the cut is so deep no woe-is-me tale is enough. Then the only thing that does the trick, that explains the craziness heaping up, holding down, and making women hate one another and ruin their children is an outside evil.


[Toni Morrison in Love]





© K. (2011)


Muana Damba [Actualizado]*

*[Post 'ecoado' aqui]


Se ‘Kongo Blues’ ainda carecia de um significado mais substantivo para mim, (re)encontrei-o hoje, num certo momento marcado por uma daquelas emocoes para as quais a intraduzivel palavra “saudade” nao parece ser suficientemente satisfatoria, prestando-se-lhe(s) melhor a palavra “blues”... .


Ultrapassado aquele momento, por caminhos invios, fui parar a este site que me transportou, tal como o tio Pepe no seu carro, todos os anos durante um certo periodo, a Damba: esse lugar que guarda o melhor de mim – nao nasci la' (na verdade nunca conheci a terra onde nasci acidentalmente, a Gabela), mas nao me consigo rever tao completamente noutra descricao/identificacao que nao a de “Muana Damba”...



Foi a primeira vez que a ela “regressei” depois do que parece ser uma eternidade (na verdade, essa eternidade comeca no inicio de 1980 quando, nos primeiros meses da gravidez do meu filho, fui 'a Damba visitar a minha avo - a minha mae e a minha tia encontravam-se entao a viver, respectivamente, em Portugal e Franca -, comunicar-lhe do meu estado e pedir-lhe os seus conselhos e aprovacao)...

[Foto daqui]



Descrever, entao, a torrente de emocoes que vivi nas cerca de duas horas em que literalmente imergi nas suas paginas e’, igualmente, algo que ultrapassa as minhas capacidades, pelo que, mais uma vez, so’ uma palavra me assiste: “blues”... E nao uns blues quaisquer: exactamente Kongo Blues!


Claro que a imersao vai continuar nos proximos tempos, mas por agora deixo aqui alguns registos do que por la’ encontrei.

Comecando por este extracto deste texto de Jose' Neves Ferreira:

Viva o tempo que viver nunca me esquecerei das manhãs do frio Cacimbo quando o nevoeiro envolve, como um manto diáfano, as gentes que passam na rua, as casas, as árvores,parecendo que tudo está mergulhado num sonho; nem do sabor de uma moambada de ginguba,comida numa reunião de amigos, nem do feijão da Damba, que era apreciado em toda a parte, ou das mobílias da Damba (e também do Camatambo) que se podiam encontrar tanto em casas de Luanda como em longínquos postos administrativos; ou ainda do “Cristo da Damba”, esculpido por um artista que morava no Bairro da Missão, e se vendia a bom preço nas lojas de artesanato;como também das largas paisagens formadas por cadeias de morros e colinas que admirava nas viagens para a Lemboa ou das amplas planícies e chanas do itinerário que, por Chimancongo, se alcançavam as Fazendas, e das quais sentia emanar uma inefável sensação de liberdade, quando contempladas de cima do tejadilho da carrinha.


... que me fez ir buscar ao fundo da gaveta este poema, escrito ha' ja' alguns anos e que me parece inacabado (nao consigo encontrar a sua versao original, que me parece diferir algo desta - digamos, entao, que e' ainda um "projecto de poema"):




Damba

['A Memoria do meu Avó (nKaka), (Mbuta Muntu)Pedro José de Faria Túfua de Agua Rosada]


Início
que te torna Pedro:

som
pétreo Cedro
indeclinável
ao Tempo

distância
mudo Vento
intraduzível
à Memória

ausência
remota Glória
inconfessável
à Fala

vida
silente Bala
indizível
à Pele


Sangue que te inviabiliza a Safra:

Lavra
incansáveis corpo, alma
insaciável

Sanga
moída magoa ao rumor d´aguas
no domingo


Transmutação
que te torna quase o Norte:

Terra
indefiníveis goiabas, cambumbú
inconfundível
Encanto
maturação do safú no cacimbo


Silêncio
que te torna Pressentimento:

Incenso
inextricáveis cruzes, terço
imperdoável
Cálice

Projecto vencedor da morte
na Igreja

Damba

(…)

['Tia Ana Velha Mulata']





Mas, continuando com as memorias de Neves Ferreira:

Mas do que tenho ainda mais saudades é das gentes da terra, com quem convivi. Desde os meus companheiros de escola, com as nossas fugidas para mergulhos na represa da Granja da Administração – o nosso mundo mágico de encantar qualquer miúdo --, até as gentes que encontrava nos caminhos e picadas onde andei e deambulei. Recordo o nosso Alfaiate Paulo, o Soba Manuel Kituma, o João Ajudante de carrinha, o Técnico do Combate à Tripanossomíase Manuel Tungo, o Enfermeiro Francisco Rómulo o Funcionário Administrativo Laurentino, o Manuel Bengue, o Pedro Faria, suas irmãs (meus colegas de escola) e os seus Pais, bem como tantos e tantos outros. Outrossim, dos Padres e Madres da Missão Católica da Damba, com a sua acção de entrega total ao serviço de toda a gente – a verdadeira mensagem de Jesus, o Cristo – e nomeadamente o paradigmático Padre Rafael a quem tinha uma grande amizade…



De onde destaco especialmente esta passagem:


“Pedro Faria, suas irmãs ( meus colegas de escola ) e os seus Pais.»


O Pedro Faria e’ o meu tio-padrinho Pepe (a que me refiro no inicio e que ainda ha’ dias aqui recordei) e as suas irmas sao a minha mae e a minha falecida tia, sendo os seus pais, obviamente, os meus avos maternos (fotos acima).
Exceptuando o tio Pepe (a quem dedico uma foto-reportagem especial no fim deste post), todos eles podem ser vistos tambem na foto abaixo (que ja’ ha’ algum tempo aqui postei), onde tambem se pode ver o Dr. Morais Martins, cuja obra sobre o seu trabalho na Damba e’ amplamente reproduzida no site e da qual destaco este extracto.



Depois… a evocacao dos cheiros e ambiencias (... cacimbo, nevoeiro, terra molhada, as lavras, a ginguba acabada de arrancar, o colher e o descascar do feijao, fumo de forno a madeira, moamba de ginguba e de galo... enfim, a magia encantatoria... os sabores, odores & sonho da Damba... ) e uma serie de nomes familiares, como Kiame, Rescova, Romulo, Mbuta, Benge, Vemba…



E o Bispo Dom Afonso Nteka. Melhor do que eu alguma vez aqui o poderia fazer, a sua autobiografia, publicada em livro antes do seu tragico falecimento num acidente aereo, diz o quanto o ligava a minha familia: nele ele incluiu uma foto dos meus avos maternos, a quem tratava por pai e mae, tendo a eles dedicado algumas palavras, rendendo-lhes assim a sua homenagem pessoal.



Mas, infelizmente, tendo percorrido ansiosamente as galerias de fotos e videos da Damba la’ expostos, em nenhuma delas consegui ver (ou reconhecer) a nossa casa… Ficava em frente a Igreja da Missao Catolica – desta sim encontram-se algumas imagens…



Enfim, depois de todas as emocoes que hoje vivi, a par do "blues", (re)descobri tambem o verdadeiro significado da palavra "afectos"...





Ode ao Ti Pepe'











pelo meu apadrinhamento
pela minha xara'




pelo oh soleil, soleil...
quando o sol nascia
a caminho da Damba
pelo tombe la neige
e toda a musica que sei e de que gosto
especialmente pelos Francos e Rochereauxs
pelo primeiro soukous que dancei



pelo primeiro malavo que bebi
e em que sonhei acordada
por todos os funges (especialmente os de carne seca e os de bagre fumado com moamba de ginguba) e kizakas e os (imprescindiveis!) feijoes de oleo de palma
com farinha e banana



pela joie de vivre

por tudo quanto entendo ser o mais puro, sublime, profundo, genuino afecto.





['Santa']


As Origens do Reino do Kongo



Lançamento do livro As Origens do Reino do Kongo

Na Próxima Sexta-feira, dia 15 de Outubro, a Mayamba Editora e o BPC apresentam o livro As Origens do Reino do Kongo, de autoria do prof. Mestre Patrício Batsîkama.
O acto terá lugar no ALL principal da sede do BPC , à Marginal de Luanda, pelas 18H00. A apresentação da obra estará a cargo dos Investigadores Simão Souindoula e António Setas .

Afinale?!







[AQUI]


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Sobre o "Novo Jornal"

Sobre a "Cultura Africana Contemporanea"

&

A Implosao da Mentira

That Land




N.B.:

Dizer, nesta altura do campeonato – depois de ter passado por tudo isto e especialmente por isto – que se me esgotaram totalmente o tempo e a paciencia para este tipo de propaganda tribalista, genocidario-racista, colonial-fascista e de extrema direita neo-nazi seria, no minimo, uma redundancia: expressei-o terminantemente aqui e os posts indicados acima, entre varios outros neste blog, explicam-no a saciedade! E, apenas para fazer um “ponto de ordem” (...de honra!...), acrescento-lhes A Negacao e Afirmacao de Agostinho Neto.

Mas, uma vez que, de todas as pecas delirantes que “me foram dedicadas” ate’ agora, esta e’ a mais ridiculamente doentia e esquizofrenica (ou, simplesmente, disgusting!), porque totalmente desprovida de qualquer base material e factual de sustentacao argumentativa, logo totalmente falaciosa - onde e’ que eu ja’ falei de ‘argumentos non sequitur’? - e em aberta contravencao a todas as disposicoes nacionais, regionais e internacionais sobre os Direitos Humanos e os Direitos dos Povos [para quem ainda nao era nascido na altura, ou passou completamente ao largo do 27 de Maio de 1977, ou, "mais perto de casa", da Sexta Feira Sangrenta, este (juntamente com outros recentes e continuos vomitos de odio propalados pelo ‘Novo Jornal’ em que se fala, por exemplo, de “monstros raciais e taras tribais” e de “encarcerar os tribalistas”; ou, ja’ agora, tambem pelo ‘O Pais’, em que se fala de “baratas” a boa maneira genocidaria Rwandesa…) era precisamente o tipo de ‘perola propagandistica’ para a diabolizacao das suas vitimas e intoxicacao e manipulacao da opiniao publica com que se “batia no ferro quente” imediatamente antes e depois daquela(s) data(s) fatidica(s)!], dou-me ao trabalho de deixar aqui sobre ela apenas as seguintes “notas tecnicas”:

(…) O Reino do Kongo, cuja sede era em Mbanza Kongo, totalmente dentro das actuais fronteiras de Angola, estendia-se, na era pre-colonial, por uma regiao que, a Sul, ia ate’ a Ilha de Luanda e, a Norte, compreendia os actuais (ou partes significativas destes) Kongo Brazzaville, Gabao e Kongo Kinshasa, sendo que deste, actual RDC, areas houve que pouca ou nenhuma relacao directa, ou historicamente relevante, tiveram com o Reino do Kongo. E’ o caso do seu extremo Norte, de onde era originario Mobutu que, note-se, nao era baKongo, mas sim NgBandi (o mesmo se passa no caso da regiao Leste/Grandes Lagos da RDC, de onde sao provenientes os Kabila, que pertencem a etnia Luba e nao baKongo). Portanto, nem a actual RDC na sua totalidade, nem Mobutu, podem com propriedade ser considerados “sucessores” (certamente nao unicos) do Reino do Kongo – quanto mais nao seja porque Mobutu, como aqui se regista, assumiu o poder pela forca contra os legitimos titulares do primeiro governo independente daquele pais, Lumumba e Kasavubu, este sim, um baKongo;

(…) A “authenticite” nao foi uma 'doutrina politico-ideologica': foi, quanto muito, uma 'directriz de afirmacao identitaria nacional', que tanto nao foi culturalmente totalizante, nem na RDC, nem nos outros “paises sucessores do Reino do Kongo”, que conviveu com, por exemplo, La Sapologie e os movimentos musicais multiculturais e multi-etnicos locais, regionais e trans-continentais de que aqui se fala um pouco;

(...) Assumir a identidade e valorizar e divulgar a cultura de origem nao significa tribalismo. Tribalismo, tal como racismo, e' usar a identidade (tribal ou racica) para hostilizar, denegrir, diabolizar, humilhar, achincalhar e tentar aniquilar (simbolica ou realmente) os que nao pertencem a essa mesma tribo ou raca e respectivas culturas. E, assim sendo, aquilo que faz o autor do artigo aqui em questao, tal como os seus correlegionarios, e' precisamente, e para dizer o minimo, tribalismo e racismo! E, por isso, eles sim, deveriam ser nada mais, nada menos do que encarcerados!

(…) Seria de todo o interesse do ponto de vista do conhecimento historico-cientifico que se explicassem, demonstrassem e provassem cabalmente, por um lado, a ‘implicacao’ do Reino do Kongo no alegado “exterminio dos Khoisan” e, por outro, as suas alegadas “ligacoes e afinidades”, doutrinarias ou outras, com os Boers - talvez devam pedir a Mandela, como descendente dos Khoisan e ex-prisioneiro dos Boers, os seus insights sobre o assunto;

(…) Se algum “autoctone”, em algum momento, advogou, promoveu e praticou a “descolonizacao completa” de Angola (e de Mocambique), ele nao foi “descendente do Reino do Kongo”: a Historia tem em registo quem e como assumiu totalmente o poder pos-independencia nesse(s) pais(es); sendo que, no caso de Angola, muito gracas ao apoio de um dos “sucessores do Reino do Kongo”, o Kongo Brazaville, em oposicao directa ao Kongo de Mobutu... E, nao fossem reconhecimentos desse facto como este, dir-se-ia que ha' em todo esse irresponsavel delirio racista, xenofobo, tribalista e anti-Bakongo muito do que, com toda a propriedade, se pode e deve chamar "cuspir no prato em que se debicou"!

(…) Tanto quanto “retornar ao patamar tecno-juridico-administrativo” que Angola teve antes da independencia significa, ou pode significar, “recolonizacao” ou “neo-colonialismo”, seria de toda a conveniencia explicar-se, de preferencia “tecnica, juridica e administrativamente”, como e porque que essa e’ a unica via possivel e desejavel para que se atinja tal patamar. Um possivel ponto de partida para essa discussao pode ser encontrado, por exemplo, aqui;

(…) Finalmente, no que pessoalmente me possa tocar directamente em relacao a todas essas e, possivelmente, outras questoes relativas, tenho apenas a parafrasear aquele que, agora caminhando para o fim dos seus dias, para garantir o seu “lugar no reino dos ceus” comeca a render-se a Verdade Historica, Fidel Castro: A Historia Me Absolvera’!

[P.S.: Curiosamente, dois dias depois de isto escrito, Joseph Kabila efectua uma 'visita relampago' ao seu homologo Angolano para reafirmar os lacos entre os dois paises]




Ainda outro take sobre a mesma leitura:

O argumento basico dos apostolos da 'recolonizacao' e’ o de que todos os males de que a Africa pos-colonial enferma teem na sua origem a independencia e a saida dos colonos: "os negros sao congenitamente incapazes de se auto-governar e de criar prosperidade economico-social (sao predadores, bebados ou bufos, vida deles e’ so’ fazere bwe’ de kilapie’, roubar e matarem-se uns aos outros, e mesmo depois de terem passado pela universidade teem que tirar os sapatos para poderem contar ate' doze! E, na verdade, nao fossem os europeus, especialmente os etnologos e antropologos, nem as suas proprias culturas eles conheceriam!)"!

E os numeros e imagens das guerras, da pobreza e do subdesenvolvimento, especialmente se em comparacao com alguns paises de outras regioes do mundo (e.g. Asia e America Latina) que partiram do mesmo nivel de desenvolvimento (ou pelo menos de PIBpc) aquando das independencias africanas nos anos 60, estao ai para o demonstrar a saciedade: "o problema de Africa nao e’ outro senao os Africanos"!
Mas, mais do que isso, "se alguma vez a Africa ostentou algum progresso, foi durante o periodo colonial, logo, sem os Europeus e/ou os seus descendentes directos a Africa esta’ condenada a pobreza, subdesenvolvimento e fracasso total e eterno… logo, a unica saida possivel desse ciclo vicioso e’ a 'recolonizacao'"!

E' isto, alias, que une alguns negros e brancos, esquerdistas e direitistas, nessa canoa furada (ou, mais uma vez, de como os extremos se tocam...): i.e. aqueles que professam e sempre professaram a "supremacia euro-caucasiana" (e seus lacaios) e alguns dos que honestamente sao criticos do poder pos-independencia em Africa [com o Zimbabwe de Mugabe como grande ponto de convergencia entre esses dois afluentes - vejam-se, no entanto as posicoes (conflituosas?) de Graca Machel sobre essa questao: aqui e aqui]... Sendo que, pelo meio, ha' alguns que, como eu, nao estando seguramente do lado dos primeiros e nao necessariamente sempre do lado dos segundos, apenas tentam separar as aguas entre esses dois rios... [por isso reagi deste modo as recomendacoes do Prof. Paul Collier sobre a economia angolana - retomadas aqui e aqui - o qual, por coincidencia, foi tambem professor da Dambisa Moyo, que no seu Dead Aid advoga, nada mais nada menos, que o remedio para todos os problemas actuais de Africa esta' no fim imediato (dentro de 5 anos) da Ajuda ao Desenvolvimento (ou, como dizia a outra "experta" em patetices, "for God's sakes stop aid!") e o recurso dos estados africanos aos mercados financeiros internacionais (... nao, nada vagamente parecido com a criacao das bases para um desenvolvimento, nao apenas economico-financeiro, mas tambem e sobretudo socio-cultural, endogeno e sustentavel...), tendo-o feito num momento em que aqueles se encontra(va)m em profunda crise e num contexto em que a esmagadora maioria das economias africanas nao tem credit ratings que lhes garantam qualquer acesso significativo a tais mercados - veja-se a esse respeito o que no ultimo paragrafo deste artigo se diz sobre a economia Mocambicana... - e sendo que, tambem por coincidencia, para esses mercados ela trabalha...], e por isso acabam(os) sendo vitimas de tentativas de afogamento por ambos os lados!

Ha' ainda um terceiro afluente que e' alimentado pelos proprios circulos do poder de estado de alguns paises africanos e de algumas organizacoes regionais no continente que se tornaram aid dependent, tanto em termos tecnicos como financeiros - para estes, os contingentes de estrangeiros [ex-colonos ou nao; embora isto nao deixe de me trazer a lembranca um alto dirigente da nomenkatura angolana que, nao ha' muito tempo, foi a Portugal declarar que "nos precisamos do homem portugues"... nada contra, se isso nao soasse claramente a "nos precisamos do ex-colono (porque nao estamos a dar conta do recado)"... e menos ainda contra se ele tivesse sido mais especifico e declarasse algo como "nos precisamos prioritariamente de tecnicos qualificados" e acrescentasse, ainda que apenas implicitamente, "porque e' imperioso que invistamos em capital humano e nos precisamos mais ainda do homem angolano, quanto mais nao seja porque foi ele que nos colocou e nos mantem no poder e perante ele temos o dever e a obrigacao de lhe prover e aos seus filhos a formacao adequada para que os angolanos possam competir em pe' de igualdade com qualquer estrangeiro num mundo cada vez mais globalizado!") funcionam como um "buffer" entre os governos/aparelhos de estado e os respectivos povos, que lhes assegura a manutencao do poder e a perpetuacao de determinados individuos em certos cargos, bem como os seus hefty revenue streams e a possibilidade de "brilharem" sozinhos sem quaisquer entraves - era, em parte, a este fenomeno e as suas consequencias socio-culturais a que aqui me referia...

O unico contra-argumento plausivel a essa “inevitabilidade historica” seria se se pudessem encontrar na Africa pre-colonial exemplos de sistemas culturais capazes de gerar, pelo menos potencialmente, estabilidade politica e desenvolvimento economico-social. Aparentemente sim: “(…) o antigo Reino do Congo, notabilizado por ser, então e aparentemente, o único reino organizado na África sub-saariana. (...) Esse palmarés de primeiro entre os reinos sub-saarianos a ter contacto com a Europa e a ter relações diplomáticas com a Santa Sé foi - e continua a ser. .. – motivo de orgulho para os súbditos do rei do Congo e seus actuais descendentes.” Mas… esse mesmo Reino emblematico e paradigmatico “teve como successor o maior emblema e paradigma de fracasso em todas as frentes na Africa pos-colonial: o Congo de Mobutu”!

E, pior do que isso, os seus “actuais descendentes” e “apostolos de Mobutu e da neo-authenticite’”, mesmo quando se apresentam com creditos e meritos profissionais e academicos reconhecidos, sao “monstros racistas e tarados tribais a encarcerar” e “baratas” a eliminar da face da terra: “(…) eles sao, como os boers (e ao contrario de Agostinho Neto - casado civilizadamente com uma mulher branca e que declarou "nao havera' perdao (!) para os 'apostolos da neo-authenticite' do 27 de Maio"...; ou de Mandela - que se divorciou pessoal e politicamente da sua "profeta da neo-authenticite' primeira esposa" e que "so' nao fez o impossivel para nao 'desagradar' os brancos sul-africanos, boers incluidos"...), declaradamente neo-nazis e praticam o primado do dinheiro sobre o direito; o suborno e a falsificação de documentos; a instilação dum racismo e tribalismo como nunca existira na vida económico-social; a distorção de factos históricos e sociais; a intriga e a subserviência; o nepotismo; e, com todas estas armas, a sabotagem subreptícia dos esforços para pôr Angola a funcionar no patamar técno-jurídico-administrativo que já tivera antes da independência.”!

"Logo, 'recolonizacao' e’ o unico caminho a seguir e quem se atreva a 'levantar um dedo ou a bater uma tecla em contrario'... convem saber sempre o que lhe espera!"

Portanto:

QUE VIVA A RECOLONIZACAO!!!
RECOLONIZATION OYE’!!!



(...) Mas, na verdade, nao fosse a gravidade das questoes acima referidas, poderiamos ter poupado o ja' pouco tempo e paciencia que nos restam para todo esse nonsense a mistura com pure evil (!): e' que tudo isso parece claramente nao passar de uma "questao de inteligencia" ou, dito de outro modo, de "competicao pela paridade (ou supremacia?) da etnia, da raca e do genero no dominio intelectual" (poderia dize-lo ainda de outro modo, mas voltar a falar em inveja, ciumes, odio e afins, seria tambem mais do que uma redundancia neste blog... onde e' que por aqui ja' se falou em "inveja dos brains"?)... Senao vejamos (citando da mesma edicao do NJ acima referida):

(...) Os seus “apóstolos” não esmoreceram, nem quando encontraram situações imprevistas como mulatos com os pais, os quatro avós, os oito bisavós e os dezasseis trisavós nados, vividos, mortos e enterrados em Angola; angolanos negros tão ou mais inteligentes que eles e se não deixaram enganar; outros africanos subsaarianos nascidos em Angola (e, não raro de segunda ou até terceira geração) que não abdicam da sua actual nacionalidade e não alinham nos “cantos de sereia” dos apóstolos da neooauthenticité.

(...) O que devemos fazer pela Pátria? Provar à sociedade que o talento assusta os medíocres’ como tão bem descreveu José Alberto Gueiros há mais de 25 anos no extinto Jornal da Bahia - “assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas, boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher no seu círculo de convivência por medo de perder os seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar” O que devemos, perante este cenário, continuar a fazer pela Pátria? Demonstrar à opinião pública que os medíocres, que não aprendem nada com nada, são obstinados na conquista de lugares de destaque. O que devemos continuar a fazer pela Pátria? Pôr em evidência que os medíocres entrincheirados em posições de chefia denotam um medo indisfarçável da inteligência. O que devemos incessantemente continuar a fazer pela Pátria? Desenterrar a famosa trova de Ruy Barbosa: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vezes fico pensando que a burrice é uma ciência”

(...) Como diria o meu amigo Rainer (aprendeu nos Acores): Eta Corisco!...
Bem...! Que tal um 'cruzamento de referencias' com a minha confissao... ou com este "caso"... ou com os meus Boers... ou com os meus Khoisan...?!

(...) E... creio que Ruy Barbosa subscreveria esta: "ha' tanto kabungado tarado e monstruoso com bigodinho a Hitler e a espumar da boca com a lingua de serpente de fora, auto-convencido que e' super-inteligente e talentoizo (...e' que... Deus e' poderoizo!...) por ai a solta, que as vezes fico pensando que a kabunguice e' uma ciencia"!

(...) E, ja' agora, alguem reparou em como o obus dos "monstros raciais e taras tribais" foi lancado para o meu kintal em retaliacao directa e imediata ao comentario a este post e a este ?!... O que nos remete para "outras questoes", nomeadamente "quem e' quem, quem e' amigo de quem, quem se senta a mesa de quem e quem 'debica no prato' de quem"! Mas essas ja' aqui foram, pelo menos parcialmente, abordadas...

(...) Talvez nao seja de todo despiciendo relembrar aqui o meu "celebre debate" com o Negro Ugandes ('tao ou mais inteligente do que eu') Dennis Matanda no (agora infelizmente "desaparecido em combate") Africanpath, sobre a "recolonizacao". Como quem o seguiu de perto (e entenda bem Ingles) tera' anotado, eu comecei por responder ao seu primeiro "Call for Recolonization" com um comentario em que me declarava "un-comfortably numb" ("de-construcao" minha do titulo dos Pink Floyd que, mais recentemente, por aqui passei a volta deste post ), ao que se seguiu o meu primeiro artigo naquele site, como guest blogger, sobre a questao ("Are We All Losing The Plot?"). O Dennis respondeu imediatamente num outro artigo ("We Africans Have Lost The Plot a Long Time Ago") em que reiterava as suas posicoes iniciais, ao que eu voltei a carga tambem com um segundo artigo ("Are We All Losing The Plot? - Part II"), tendo dele obtido a seguinte resposta:

Recovering from an Intellectual Blow

Koluki, I finally got round to reading this article - and I can tell you that I have been blown away - completely. Having said that, you have made a case for the shifting of blame from the leaders of present day African countries to the history of their different nations. But is that not the problem? How can a people who have been showed these examples not react to them? How can we not look into history and 'force' our present leaders to do their good deeds? Lastly, how can we not blame our current leaders yet they, like our historical leaders, are not attempting to be students of history or leadership? That is the core of my argument. If we had leaders in the past, why do we have presidents today?
Again, your article is excellent - and I am bowled over.

Dennis Matanda


Bem, se "recovering from an intellectual blow" e "your article is excellent - and I am bowled over - completely" nao e' "cair no canto da sereia", o que quer que isso signifique...

[E abro aqui um parentesis para notar o seguinte: Este debate e, em particular, esta resposta do Dennis Matanda (e tambem estes artigos de dois jovens Sul-Africanos, ou este debate na blogosfera Mocambicana), e' bem emblematico da diferenca cultural estrutural e estruturante em relacao aquilo que (nao) e' o nivel do "debate" entre os angolanos (ou apenas alguns? ... ou apenas alguns "jornalistas"?... ou apenas alguns "intelectuais"?...): ali debateram-se seriamente ideias e conviccoes fortes e profundas sobre questoes extremamente sensiveis, tendo havido por parte do "derrotado" a hombridade, decencia, educacao, civilidade e elegancia de reconhecer a sua "derrota" e os meritos dos argumentos do adversario - mesmo sendo estes protagonizados por uma mulher (e, acrescente-se, negra!)... O que teriamos (temos tido) nos "pretensos debates" com angolanos? Nada mais do que os ataques ad hominem (... "ad mulher ", incluindo a sua vida intima e privada, ao seu corpo e a sua suposta sexualidade!...), o abuso e insulto mais baixo e soez, a tentativa de humilhacao, degradacao moral e espiritual, objectificacao sexual e destruicao fisica, psicologica e profissional (!) sem quaisquer escrupulos... E' essa a "mentalidade" da generalidade dos (ou de apenas alguns?... ou de apenas alguns "jornalistas"?... ou de apenas alguns "intelectuais"?...) angolanos!]

(...) E... quem diz, pateticamente, "resistir" (em vao) a este 'canto da sereia' e'... psicopata (ruim da cabeca) e... kabungadu (ou doente do pe')!

(...lol...)



ADENDA

"MANDELA, MOBUTU & ME"



In this stunning memoir, veteran Washington Post correspondent Lynne Duke takes readers on a wrenching but riveting journey through Africa during the pivotal 1990s and brilliantly illuminates a continent where hope and humanity thrive amid unimaginable depredation and horrors.

For four years as her newspaper's Johannesburg bureau chief, Lynne Duke cut a rare figure as a black American woman foreign correspondent as she raced from story to story in numerous countries of central and southern Africa. From the battle zones of Congo-Zaire to the quest for truth and reconciliation in South Africa; from the teeming displaced person’s camps of Angola and the killing field of the Rwanda genocide to the calming Indian Ocean shores of Mozambique.

She interviewed heads of state, captains of industry, activists, tribal leaders, medicine men and women, mercenaries, rebels, refugees, and ordinary, hardworking people. And it is they, the ordinary people of Africa, who fueled the hope and affection that drove Duke’s reporting. The nobility of the ordinary African struggles, so often absent from accounts of the continent, is at the heart of Duke’s searing story.

[from the hardcover edition]



Duke covered southern Africa as Johannesburg bureau chief for The Washington Post from 1995 to 1999. Her engaging memoir provides a close-up look at the fall of Mobutu Sese Seko in the former Zaire, the ascendance of Nelson Mandela in South Africa, dramatic high points of South Africa's Truth and Reconciliation Commission, and many poignant vignettes of everyday African life from Cape Town to Kigali. "Armed with attitude and ready for anything," she finds that being black and female is sometimes, but not always, an occupational asset. Knowing that her dispatches will help shape American perceptions of a region she cares deeply about, she works hard to balance her anger at the brutality and venality of "ugly Africa" against her admiration for Mandela and for the fortitude and ingenuity of ordinary Africans. Equally deft at presenting vivid eyewitness descriptions and concise evaluations of failed policies, whether African or American, Duke has given us a glimpse of what first-rate reporting on Africa can be.

[from Foreign Affairs]



Pictures: Mandela's 1997 mediation efforts between Mobutu and Laurent Kabila
[That's Afrika and That's Madiba For You!]


Mobutu vs. Lumumba

This Day in 1960


With the backing of the US Central Intelligence Agency (CIA), a Congolese
military officer named Joseph Mobutu ordered the democratically-elected
prime minister of the Congo, Patrice Lumumba, placed under house arrest in the
capital of Leopoldville on September 14, 1960. Two days later, Mobutu carried
out a full coup, suspending both parliament and the constitution.


The coup was the culmination of three months of orchestration by the US, the
United Nations, and the old colonial ruler, Belgium. Lumumba's nationalism, it
was determined, posed a threat to powerful European mining interests in the
Congo. At the same time, the bringing down of Lumumba would serve as a warning
to the rest of the African states, which were then gaining formal independence
from European colonizers in rapid succession.


After Lumumba's election victory and inauguration in June, mineral-rich Katanga
province seceded in the south, backed by Belgium. Belgians fled the country, and
a "capital strike" brought the economy to a virtual halt. As civil society
disintegrated, sections of the military revolted, forcing Lumumba to rely ever
more-heavily on the "loyal" element, headed by Mobutu.


The UN under General Secretary Dag Hammarskjöld actively collaborated with the
coup. The UN helped to precipitate the crisis by refusing to allow loyal
Congolese soldiers use of its airplanes for transport, in effect siding with
Katanga and other secessionist movements. In response, Lumumba appealed for
support from the Soviet Union, which sent material and "advisors." Then, after
president Joseph Kasa-Vubu's attempt to sack Lumumba on September 5
failed—Lumumba winning a vote of confidence in parliament—the UN shut down the
capital's radio station and blocked Soviet planes supporting Lumumba from its
airfields.

In one of his first acts after the coup, Mobutu ordered the Soviets out of the
Congo. The CIA had found its man.

[Sources: various]

Kongo Brazza

Ce jour à 1960:

En 1482 Diego Cao découvre l'embouche du fleuve Congo… Cette introduction à l'histoire du Congo fait de l'Afrique un simple appendice de l'histoire européenne. Il ne serait pas trop tôt de sortir de cette caricature coloniale et réductrice qui fait encore office aujourd'hui d'histoire officielle et scolaire du Congo, de sa terre et de ses hommes. Notre histoire est celle des origines de ses habitants, depuis la naissance de l'humanité. Elle intègre notre espace géographique comme carrefour des peuples, de ses expressions étatiques à travers les ages, des éléments qui ont fait le quotidien de cette terre depuis les origines. Elle ne commence pas une nuit de partage à Berlin. Notre monde n'a pas toujours été immuable comme il nous semble trop souvent le percevoir, reléguant le progrès au seul mérite de l'apport coloniale.

Construire notre intellect et nos actes à partir de la connaissance de nous-mêmes, nous conduira à des révolutions intellectuelles telles que:

1. La fermeture du mausolée de Brazza. Des français qui l'ont visité, seul le Front National s'en félicite! Un diplomate a même confié, après y avoir vu ces fresques qui représentent le nègre primitif élevé à la civilisation par le blanc, qu'il y est rentré convaincu des effets positifs de la colonisation, et ressorti honteux des sous-hommes que son pays avait créé. Quel est le sens de la célébration de l'indépendance qui depuis quelques années est marquée par la municipalisation accélérée, si d'autre part nous rendons au colonisateur un hommage supérieur à celui rendu à tout congolais de l'histoire? Ce mausolée de la honte pourra être transformé en musée/bibliothèque/archives nationales, pour un pays qui n'en a aucun.

Quatre années après l'inauguration du mausolée de Brazza, la pilule ne passe toujours pas. Ils sont des milliers de congolais patriotes blessés dans leur amour propre par cet édifice qui par ailleurs ne semble extasier personne. Sauf peut-être l'extrême droite européenne, car au-delà de l'aspect symbolique du bâtiment, l'intérieur est tapissé de peintures représentent les Noirs autochtones en primitifs sauvages, conduits à la civilisation par Pierre Savorgnan de Brazza qui leur donne vêtements, santé et savoir. Un message indiscutablement qualifié de raciste dans les pays du nord où l'on peut se faire condamner pour moins que cela : Casterman l'éditeur de Tintin est sous le coup d'une procédure judiciaire parce que « Tintin au Congo » affiche des dialogues dénigrants pour la culture congolaise précoloniale.

2. La débaptisation de Brazzaville. L'un ne va pas sans l'autre. Si on est pour le nom de Brazzaville à notre capitale, il faut honorer celui à qui on le doit. Si à l'inverse nous sommes contre le mausolée de ce colon, à plus forte raison, on ne peut admettre qu'une oeuvre encore plus gigantesque, notre capitale entière, lui soit consacrée. Logique n'est ce pas!? Ajoutons que Brazzaville est la dernière capitale africaine à porter encore le nom de son colonisateur. Et enfin, rassurez-vous, ce n'est pas parce que la ville s'appellera Mfoa, Nkuna ou Mavula, qu'elle nous fera apparaitre comme des sauvages. Bien au contraire.

Quand il signe, le 14 juillet 1960, à Matignon, les accords de transfert des compétences, l'abbé Fulbert Youlou pense que le moment est si solennel qu'il doit s'entourer de toutes les forces politiques. Il se présente alors avec les leaders de l'opposition, Jacques Opangault et Stéphane Tchitchélé (qui a remplacé à la tête du PPC Félix Tchicaya, démissionnaire). L'indépendance est proclamée le 15 Août 1960 dans l'allégresse organisée car en réalité, le peuple est inquiet tandis que les cadres se disputent déjà le pouvoirs et les biens abandonnés par les colons.

Le nouveau pouvoir, cartel de marxisants et de militaires, institue autoritairement le même monolithisme politique et syndical que celui qu'il a combattu. Désormais il n'y aura plus qu'un parti, le MNR, Mouvement National de la Révolution, et un syndicat, la CSC, Confédération Syndicale Congolaise. Au nom de l'unité nationale. Et les critiques a posteriori du régime de Youlou mettent en avant la dérive autocratique et la partialité ethnique.



Ce jour à 2010:

Le président congolais Denis Sassou Nguesso, a profité de la célébration du cinquantenaire de l’indépendance du Congo ce dimanche, pour décerner des titres posthumes aux ‘’pères de l’indépendance’’ du Congo.

Denis Sassou N’Guesso a décerné la médaille commémorative du cinquantenaire de l’indépendance du Congo, aux pères de l’indépendance parmi lesquels Fulbert Youlou, Alphonse Massamba Débat, Marien N’Gouabi, JoachimYombi Opango, Pascal Lissouba, qui ont tous exercé les fonctions de président de la République du Congo.

La même médaille a été aussi décernée aux personnalités qui ont marqué l’indépendance du Congo, au nombre desquelles Jacques Opangault, Félix Tchicaya, Stéphane Tchichellé, Alfred Raoul Simon Pierre kikounga Got, Augustin poignet.

Cet imposant ouvrage de 16 mètres et demie a été dévoilé le 11 août par le Président de la République Denis Sassou N'Guesso dans le cadre des festivités du cinquantenaire de l'indépendance du Congo. Ce moment vient s'ajouter aux autres qui ornent la ville notamment les statues de la liberté, de la colombe de la paix, du Président Abbé Fulbert Youlou et du vice-président Jacques Opangault. La colonne de l’indépendance est un ouvrage filiforme constitué d’un socle de 3 fois 3 mètres sur 2 mètres 80 de hauteur, prenant appui sur un massif en béton armé de 4 fois 4 sur 1 mètre 80, ancré à 1 mètre 50 du sol. Elle porte en son sommet une statue de 3 mètres représentant «la Marianne». Le maire de Brazzaville Hugues Ngouélondélé a salué l'érection de ce monument qui vient enrichir le patrimoine culturel historique et touristique de la ville: "Ce monument symbolisant une femme portant les tables de la loi de la nation congolaise et baptisé colonne de l'indépendance trônera désormais sur cette place qui sera solennellement dénommée en septembre prochain par délibération municipale : Place de l'indépendance", a-t-il indiqué.

Les cinquante années d'indépendance du Congo, célébrées dimanche, ont été marquées par une longue période de guerre civile dans un pays où 70% des 3,6 millions d'habitants vit encore sous le seuil de pauvreté, même si la paix et la croissance semblent retrouvées. "Les cinquante ans d'indépendance sont marqués du sceau de l'échec. Ils sont maculés de sang. Le bilan des 50 ans de l'indépendance est très largement négatif", estime le président de l'Alliance pour la république et la démocratie (ARD, plate-forme de l'opposition), Mathias Dzon.


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